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O pesquisador Miguel Quessada analisa os partidos que fizeram um reposicionamento partidário a partir da troca de nomes, identidades visuais e pautas.  Além de comparar as mudanças visuais, as mudanças de pautas também são avaliadas por meio de um livro de códigos.

Dentre as agremiações analisadas, o atual PRD é um exemplo atípico de sucessões de reposicionamentos que merece destaque. O Partido Ecológico Nacional (PEN) foi criado em 2011 e permaneceu com esse nome até 2017, quando passou a chamar Patriota (PATRI). Dois anos depois, em 2019, ele incorporou o PRP, que havia sido criado em 1991, mantendo o nome de Patriota. Por fim, em 2023, ocorre a fusão do Patriota com o PTB, partido esse que remonta a sua origem em 1945. Juntos, eles formam o Partido da Renovação Democrática.

O antigo Patriota (PEN) é um partido que tentou se adequar à figura do presidenciável. Quessada e Pisa (2020, p. 215) explicam que embora o PEN reivindicasse uma bandeira ecológica, ela sempre tentou atrair presidenciáveis. O primeiro caso aconteceu quando ofereceu a legenda para Marina Silva disputar a eleição após ter o pedido da Rede Sustentabilidade indeferido, propondo até a mudança de nome. Posteriormente, o partido tentou atrair Jair Bolsonaro e mudou o nome para Patriota, entretanto, foi preterido pelo candidato que escolheu o PSL. Os autores alegam que a mudança do ecológico para um partido que remetesse à pátria é uma tentativa de adaptação ao público.

O Patriota fez um reposicionamento com a maior mudança, tanto da identidade visual quanto do estatuto e das propostas. Em seu primeiro estatuto (19/06/2012) a marca ecológica sempre foi muito forte, tendo como base os conceitos da Social Democracia Cristã com ações e projetos ligados à ecologia. Já em seu estatuto aprovado em novembro de 2018, traz temas de cunho conservador e combatia pautas como a legalização do aborto, a valorização do ensino cívico, a contrariedade à “ideologia de gênero” e o respeito à “opção” (sendo o termo correto “orientação”) sexual, além da valorização da família tradicional e promoção da educação sem quaisquer ideologias.

 Após a tentativa fracassada de atrair Jair Bolsonaro, o partido passa por mais um rebranding em junho de 2019, apenas sete meses de sua última mudança. Em seu último estatuto, ele se identifica como um partido de centro e que poderá ser reconhecido como o Partido da Sustentabilidade, além do artigo 3º ser repaginado e não mais constar termos como ideologia de gênero, legalização do aborto, mas apenas a valorização da família, sem o termo tradicional junto. Nessa fase, o Partido Republicano Progressista (PRP) é incorporado ao Patriota.

A identidade visual do antigo PEN era composta por um trevo de quatro folhas verde e ainda contava com as outras cores da bandeira nacional: branco, azul e amarelo. Visualmente, ele está alinhado ao próprio nome: partido ecológico. As cores e símbolos utilizados casam-se com a proposta do partido. Ao se tornar Patriota, as cores da bandeira foram mantidas em uma alusão bem mais clara ao nacionalismo, além da seguinte inscrição: “Brasil Acima de Todos”. Junto havia parte da bandeira nacional. A proposta dialoga com o bolsonarismo, principalmente por manter a frase dita pelo próprio Bolsonaro. Após filiação do senador Flávio Bolsonaro, o então presidente do partido Adilson Barroso foi afastado da presidência e o partido passa por uma nova identidade visual que corresponde também ao último estatuto do partido (2021). O novo logotipo é formado pela Palavra PATRIOTA em caixa alta na cor verde e na letra “O” há uma variação da bandeira do Brasil. Em relação ao anterior, ficou bem menos chamativo.

O Patriota e o PTB não atingiram a cláusula de barreira e formaram uma nova agremiação: PRD, fortalecendo assim o argumento de Mayer (2022) de que os partidos almejam o sucesso eleitoral. Neste caso, as mudanças tentaram atrair o eleitorado conforme a opinião pública, mas não obtiveram sucesso, resultando em uma nova tentativa: fusão de partidos. Como PRD, o partido abandona de vez o bolsonarismo na comunicação estatutária e traz princípios genéricos em seu estatuto, tornando-se assim um partido-útero: pronto pra receber qualquer candidato.

Referências:

MAYER, Rodrigo Ricardo. Crise de identidade ou reposicionamento da marca? As mudanças de nomes dos atuais partidos políticos brasileiros. Revista Populus, Salvador, n. 12, p. 125-143, jun. 2022.

QUESSADA, Miguel.; PISA, Licia. F. 2020. .Rebranding Político: a Mudança nas Siglas Partidárias e o Desempenho Eleitoral. In: AZEVEDO JUNIOR, Aryovaldo.; BERNARDI, Karina; PANKE, Luciana. (orgs.). Eleições 2020: Comunicação eleitoral na disputa para prefeituras. Campina Grande: EDUEPB, 2020.