A pesquisadora Beatrice Araujo examina as dinâmicas eleitorais nas eleições municipais brasileiras de 2020 durante a pandemia da COVID-19. Utilizando o Índice de Presença Eleitoral (IPE), a pesquisa avalia como os partidos PSDB, PT, PSL, MDB, PDT e PSD adaptaram suas estratégias de campanha. Focando em Disputas Majoritárias, Disputas Proporcionais e Recursos de Campanha, a análise revela a resiliência da democracia eleitoral brasileira e a importância de estratégias partidárias eficazes em tempos de crise, destacando a variabilidade regional e a adaptação dos partidos às condições únicas de 2020.

O presente trabalho consiste em uma dissertação intitulada “Democracia nas Eleições: uma análise do comportamento eleitoral através da presença partidária nas eleições 2020”, que explora as dinâmicas eleitorais nas eleições municipais brasileiras de 2020, um ano marcado pela pandemia da COVID-19. Este evento excepcional proporcionou uma oportunidade única para examinar como os partidos políticos adaptaram suas estratégias em um ambiente de crise, movendo-se para plataformas digitais e modificando suas abordagens de campanha. A pesquisa utiliza o Índice de Presença Eleitoral (IPE) para avaliar a eficácia das estratégias partidárias durante este período turbulento.

O estudo enfoca a democracia eleitoral, que depende da realização de eleições periódicas, justas e livres, consideradas essenciais para a expressão da soberania popular. A análise destaca a resiliência da democracia eleitoral brasileira frente aos desafios impostos pela pandemia, que exigiu uma rápida adaptação das instituições e partidos para assegurar a integridade do processo eleitoral e a segurança dos eleitores.

A dissertação aprofunda-se na análise do IPE, que mede a presença dos partidos políticos nas eleições e considera três dimensões principais: Disputas Majoritárias, Disputas Proporcionais e Recursos de Campanha. Cada dimensão oferece insights sobre como os partidos conseguiram engajar eleitores, gerenciar recursos de campanha e alcançar sucesso eleitoral. O estudo foca nos partidos PSDB, PT, PSL, MDB, PDT e PSD, examinando como suas estratégias eleitorais se adaptaram às condições únicas de 2020 e como fatores regionais, demográficos e socioeconômicos influenciaram os resultados eleitorais.

Além disso, a pesquisa explora como essas estratégias refletem as dinâmicas de poder e engajamento político em diversas regiões do Brasil, proporcionando uma visão detalhada das complexidades da política regional. A análise busca não apenas entender o desempenho eleitoral dos partidos, mas também oferecer insights sobre como a distribuição de recursos de campanha e o engajamento dos candidatos com as plataformas políticas impactaram os resultados eleitorais.

Finalmente, o estudo contribui para o entendimento mais amplo da democracia eleitoral no Brasil, destacando a necessidade de estratégias partidárias mais adaptadas e eficazes em contextos de crise. A dissertação conclui que, enquanto os partidos enfrentaram desafios significativos em 2020, as eleições ofereceram uma plataforma vital para a continuação da prática democrática, mesmo em circunstâncias extraordinárias.

Este vínculo entre as estratégias partidárias e os resultados eleitorais é crucialmente ilustrado pelos dados da Tabela 1. A análise desses índices oferece uma perspectiva quantitativa sobre como as variações nas estratégias partidárias podem se refletir no desempenho eleitoral em diferentes contextos regionais. Essa variabilidade enfatiza a importância de adaptar abordagens políticas para responder efetivamente às dinâmicas locais, uma conclusão que reforça as descobertas gerais da dissertação sobre a resiliência da prática democrática brasileira em tempos de crise.

A tabela 1 que apresenta os Índices de Presença Eleitoral (IPE) dos partidos políticos nas eleições municipais de 2020 no Brasil revela dados sobre a performance eleitoral desses partidos. O PSDB, por exemplo, registrou uma média de IPE de 0,084 com um desvio padrão de 0,173, indicando uma presença moderada com variabilidade considerável entre diferentes regiões. Em contraste, o MDB mostrou a maior média de IPE, 0,129, acompanhada do maior desvio padrão, 0,202, sugerindo uma presença eleitoral forte, mas inconsistentemente distribuída pelo país.

O PT e o PDT apresentaram médias de IPE mais baixas, 0,056 e 0,054, respectivamente, com desvios padrões que sugerem variações na presença eleitoral entre diferentes localidades. Essas variações podem refletir o alcance e a recepção das políticas e candidatos desses partidos em diversas áreas. Já o PSL, com a menor média de IPE de 0,027 e um desvio padrão de 0,086, demonstra uma presença eleitoral relativamente baixa e menos variável, possivelmente indicando desafios na consolidação de sua base eleitoral.

Por fim, o PSD se destaca com uma média de IPE de 0,105 e um desvio padrão de 0,187, ilustrando uma presença eleitoral considerável com alta variabilidade, o que pode ser indicativo de fortes campanhas em certas regiões e desempenhos mais fracos em outras. Estes dados fornecem uma visão clara das dinâmicas eleitorais dos partidos nas eleições municipais e podem ser fundamentais para planejar estratégias futuras e entender as complexidades da política regional no Brasil.


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