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A pesquisadora Náthaly Sarah examina o fenômeno da polarização política no Brasil, que ganhou força nos últimos anos e atingiu seu ápice durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Utilizando dados de pesquisas como o Latin American Public Opinion Project (LAPOP), o World Values Survey (WVS), refletindo sobre suas dimensões ideológica e afetiva. Destaca-se, nesse contexto, o crescimento das tensões entre grupos políticos rivais e a formação de “bolhas” sociais, marcadas pelo alinhamento de valores semelhantes.
Nos últimos anos, o Brasil vivenciou uma crescente polarização política, que atingiu seu ápice durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) (Bandarra et al., 2021). Nesse contexto, a polarização surge a partir de mudanças no cenário político brasileiro, marcadas pelo crescimento da chamada direita “envergonhada” e da nova direita, que ganharam força nos meios de comunicação, ruas e parlamento (Fuks; Marks, 2022). Se espalhando para 3 diferentes áreas da esfera política e social, formando “bolhas” de pessoas com ideais semelhantes (PROGRAMA O abismo da polarização e a reconciliação possível, 2023).
Nesse sentido, a polarização pode ser dividida em duas vertentes principais: ideológica e afetiva, podendo se polarizar sobre temas independente da questão partidária. Segundo Fuks e Marks (2022), a polarização ideológica refere-se ao aumento da distância ideológica entre grupos políticos, enquanto a polarização afetiva está relacionada à desafeição entre grupos. A polarização, por si só, não é negativa e faz parte do processo democrático. No entanto, sua intensificação pode gerar confrontos que ultrapassam a esfera política, atingindo a identidade das pessoas.
Para Ortellado; Ribeiro; Zeine (2022), ao verificarem a existência da polarização no Brasil através da análise de pesquisas com dados obtidos na “Latin American Public Opinion Project” e “World Values Survey”, os autores apresentam como a literatura sobre a polarização se transformou nos Estados Unidos, a partir dos 2000 até 2010, discutindo suas correntes teóricas. Que se distribuem da seguinte forma, como “identificar e medir a polarização”, sua “relevância, benefício e malefício” para com a democracia, qual seu “engajamento” e o funcionamento da “polarização entre as elites”.
A polarização no Brasil é concentrada na questão de votos, e tem uma literatura que apresenta poucos estudos sobre opinião e atitudes políticas. Por meio de um questionário, busca-se identificar o engajamento político, temas socioeconômicos e morais no cenário brasileiro. Nesse sentido, o texto assume uma abordagem mais “comparativa” entre os EUA e Brasil, entretanto ao colocar a literatura americana sobre polarização como “regra”, isso pode acabar sendo um obstáculo no estudo e limitar uma perspectiva mais aprofundada sobre o país estudado, uma vez que cada país ele tem suas características políticas e culturais.
Foram apresentados importantes abordagens de polarização política, uma metodologia e bases de dados consistentes, porém a literatura deveria ser mais “adaptada” ao caso do Brasil. Em “Polarização e contexto: medindo e explicando a polarização política no Brasil” (Fuks; Marques, 2022), os autores destacam a origem da polarização política nos Estados Unidos e como as elites políticas estão mais polarizadas ideologicamente. Nesse sentido, os autores abordam a polarização política no Brasil após o período de 2014, procurando responder em que medida ocorreu aumento de polarização afetiva e ideológica entre os eleitores no cenário brasileiro, as características da polarização e se nos segmentos do público houve uma maior concentração/dispersão.
Dessa forma, os autores definem a polarização ideológica como sendo o “aumento da distância ideológica” entre os principais grupos políticos e a polarização afetiva é definida como o aumento da “desafeição entre grupos políticos rivais”. Apontando que ao estudar o Brasil devemos considerar seus fatores contextuais, ao mesmo tempo, em que se segue uma tendência internacional na qual alguns segmentos sociais são mais engajados politicamente.

No gráfico acima, retirado do V-DEM1, podemos observar a evolução da polarização política no cenário brasileiro comparado com a América Latina, em que o eixo y representa a categoria de polarização (segundo o livro de códigos do V-DEM) e o eixo x, a linha temporal de 1950 a 2022. A polarização no Brasil é mais volátil em comparação com a América do Sul, que tem oscilações mais estáveis. Consideramos que o cenário brasileiro acaba sendo mais sensível a mudanças institucionais, como a ditadura e a redemocratização. Apontando para o crescimento da polarização em 2014 , superando a média histórica tanto do Brasil quanto da América do Sul.
REFERÊNCIAS
Bandarra, L. et al. Brasil: Los Riesgos Y El Impacto Del Bolsonarismo Más Allá De La Pandemia. Iberoamericana, XXI, n. 78, p. 201-222. 2021.
Fuks, M.; Marques, P. H. Polarização e contexto: medindo e explicando a polarização política no Brasil. Opinião Pública, Campinas, vol. 28, n. 3, p. 560-593, set./dez., 2022.
ORTELLADO, P.; RIBEIRO, M. M.; ZEINE, L. Existe polarização política no Brasil? Análise das evidências em duas séries de pesquisas de opinião. OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, vol. 28, n. 1, p. 62-91, jan.-mar. 2022.
PROGRAMA O abismo da polarização e a reconciliação possível. [locução de]: Magê Flores; Gabriela Mayer; Gustavo Simon. Café da Manhã, 4 dez. 2023. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/3NMkxBRnXxmDIa1GkiZFZ0. Acesso em: 15 set. 2024
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