A pesquisadora Luana Moreira busca, por meio de sua pesquisa, compreender fenômenos como o personalismo político, as estratégias comunicacionais e a influência da campanha negativa nas campanhas eleitorais de 2018 e 2022, tendo como principal objeto de pesquisa o ex-presidente da república, senhor Jair Messias Bolsonaro. A pesquisa tem
como seu principal objetivo quantificar as postagens de Bolsonaro por meio da rede social Facebook, analisando o nível de engajamento da base de apoio com o ator político em posts relacionados tanto ao personalismo político quanto a sua campanha negativa, assim verificando se essas dinâmicas são relevantes estatisticamente.

No que se fala sobre o personalismo político temos o presente termo no cerne na propaganda eleitoral como em uma espécie de marketing do ator político para atingir assim o seu público alvo (GOMES, W). Nessa venda de imagem pelo candidato e seu partido devemos observar em especial o uso da esfera pública como sendo espetaculosa e midiática, fazendo com que “a propaganda política se torne uma espécie de publicidade comercial”. A imposição da imagem pública também se tornou um fator bastante relevante nesse cenário, onde os atores políticos devem entrar em um complexo jogo de papéis, status e valores sociais sempre visando com isso o apoio do público bem como sua preferência, com a clara intenção de ser sua primeira opção na intenção de voto. Passando pelo ramo da publicidade e das relações públicas devemos deixar claro que tanto os jornais e canais de televisão quanto a própria assessoria do candidato criam uma espécie de persona para o ator político, fazendo com isso que o pretendente ao cargo público passe a
possuir uma personalidade mais atraente e encantadora para seu público de interesse, de certa forma o seduzindo. Toda essa espécie de dramaturgia no palco da arena política tende a definir personalidades de grande impacto falando de forma social, além de destacá-las para eleições futuras. Cada ator político tende a deixar uma grande impressão, seja essa agradável ou não, sendo fundamental para escalonar sua personalidade pública a um outro patamar, podendo aumentar suas chances de finalmente conquistar sua posição tão almejada em um futuro próximo. O personalismo político de Bolsonaro tende a se mostrar em sua interação direta com a base eleitoral de forma digital, sendo que este por sua vez sofreu um aumento em larga escala após o atentado sofrido pelo ex-presidente em sua campanha no ano de 2018, durante o cumprimento de sua agenda eleitoral. A repercussão do fato fez com que até mesmo a parcela que se encontrava indecisa nas pesquisas de boca de urna no mês de setembro se manifestasse em prol de Bolsonaro nas redes sociais, fazendo com que suas publicações que anteriormente possuíam uma média de 35 mil interações explodissem para incríveis 100 mil ou mais, em posts relacionados a recuperação de Jair Bolsonaro e seus momentos com a família durante o repouso.

Por fim, na campanha negativa como estratégia eleitoral temos a análise de discurso dos candidatos, assim sendo possível discorrer a respeito de suas propostas bem como sua imagem pessoal em campos distintos como por exemplo o de seus apoiadores e o de seus adversários. A escolha do ramo para angariar votos bem como a eloquência utilizada pelo candidato são fundamentais para o sucesso da campanha, além é claro de sua estratégia
de discurso tanto nas redes sociais quanto no horário eleitoral gratuito. Tal estratégia de cunho negativo tem como principal objetivo reverter uma certa desvantagem de um dos indivíduos na corrida eleitoral, com o claro interesse de obter o resultado de sua ação não tão segura nas próximas pesquisas de boca de urna, almejando uma soma considerável e que valha o risco do uso desse procedimento. A aplicação da campanha negativa é desencorajada por parte considerável de pesquisadores políticos, já que o efeito bumerangue possui uma enorme possibilidade de acontecer com o candidato que se utiliza de tal estratégia, ainda mais com muita frequência durante o período da eleição. Também fica claro que o próprio público tende a rejeitar o candidato que venha a abusar deste método de forma indiscriminada, fazendo com que o golpe nas pesquisas eleitorais saia
pela culatra, deixando o ator político em uma desvantagem ainda maior do que no momento anterior. Na campanha de 2018, por meio da pesquisa de Doacir G. de Quadros e Pedro F. Silva os autores nos mostram que no cenário de 1° turno o responsável pela maior taxa de campanha negativa foi o candidato Geraldo Alckmin, seguido por Bolsonaro logo em sequência.
Um dado interessante que podemos observar é que a taxa de engajamento de Bolsonaro em postagens relacionadas a ataques a adversários não passaram de aproximadamente 50 mil interações, dessa forma não possuindo uma alta relevância durante o 1° turno, mas sim no 2° em uma disputa direta contra Fernando Haddad do PT com constantes ataques ao partido do adversário.


REFERÊNCIAS:

GOMES, Wilson. “Transformações políticas na era de comunicação em massa”. PAULUS Editora, 1° edição, 2014.

QUADROS, Doacir G; SILVA, Pedro F. “A campanha negativa dos presidenciáveis do Facebook em 2018”. Aurora, revista de arte, mídia e política, São Paulo, vol. 15, 2022.

BORBA, Felipe & VASCONCELLOS, F. “A campanha negativa como estratégia eleitoral na perspectiva dos consultores políticos”. Revista Intercom, 45, 2022.

SILVA, Jocimar S. “Valores e crise da representação na América Latina: podemos antever um personalismo político?”. Rev. Cadernos de Campos, Araraquara n.25, p. 269-287, 2018.

SANTOS, Fábio V. “Personalismo político no Brasil: um estudo de caso entre a Era Vargas e o Governo Lula”. Brasília, 2014.

STEIBEL, Fabro. “Campanha negativa, construindo o objeto de estudo”. Revista contemporânea, n.5, 2005.