O estudo conduzido por Denise Maria Poletto busca entender como a Justiça do Trabalho utiliza o Instagram para a prática da comunicação pública. Além disso, a pesquisa poderá contribuir para indicar caminhos para o aprimoramento da comunicação nas redes, auxiliar na compreensão do papel das instituições na plataforma e nas barreiras para o pleno desenvolvimento da comunicação pública digital, além de fornecer dados para outras pesquisas. 

O tema de pesquisa da pesquisadora Denise Maria Poletto é “o uso do Instagram como ferramenta de comunicação pública pelo  Judiciário Trabalhista”. O Estado, composto pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, tem a obrigação constitucional de ser transparente em suas ações e informações, garantindo o direito dos cidadãos ao acesso à informação pública. Nesse sentido, as instituições públicas devem direcionar seus esforços de comunicação para atender às necessidades dos cidadãos, divulgar os serviços oferecidos, realizar campanhas de interesse público e promover o debate público (Zémor, 1995). A comunicação pública, segundo Brandão (2009), é um processo comunicativo entre o Estado, governo e sociedade, com o objetivo de informar os cidadãos a fim de criar uma sociedade mais inclusiva e participativa.

Apesar de frequentemente em destaque na mídia, o Poder Judiciário ainda enfrenta um considerável desconhecimento sobre seu funcionamento, conforme evidenciado pelo ‘Estudo da Imagem sobre o Judiciário Brasileiro’ (AMB, FGV & IPESPE, 2019). Apenas 5% dos entrevistados se consideram bem informados sobre a justiça, e a falta de informação é citada por 15% como um motivo desencorajador para buscar a justiça.  Esses resultados destacam a importância da comunicação pública na disseminação de informações.

Especialmente no caso da Justiça do Trabalho, em que o propósito é garantir que os direitos trabalhistas sejam respeitados e equilibrar a relação de trabalho entre empregado e empregador.  Dessa forma, a comunicação é importante por ser um meio de garantir que os trabalhadores conheçam seus direitos, saibam como acessar os serviços da Justiça do Trabalho, entendam o seu  funcionamento e participem de audiências públicas sobre assuntos relacionados ao trabalho.

Nesse contexto, as redes sociais têm sido utilizadas pelos órgãos públicos para aumentar o engajamento, aproximar o cidadão do Estado e divulgar serviços e instituições. Segundo Guillamón et al. (2016), as redes sociais favorecem a transparência, a prestação de contas, aumentam as possibilidades de participação e permitem melhorias dos serviços públicos. Assim, essas plataformas podem ser usadas para favorecer a interação entre a Justiça e os cidadãos. Os dados da pesquisa TIC Governo Eletrônico 2021 revelaram que 100% do Poder Judiciário possui perfil em alguma rede social digital (CETIC, 2021).

Entre os brasileiros, 79,9% são usuários dessas plataformas (PNAD, 2021). E 100% da Justiça Trabalhista possui perfil na mídia social Instagram. Além disso, essa é a segunda mídia social favorita dos brasileiros (DATAREPORTAL, 2022). Neste contexto, as redes sociais podem ser usadas como ferramenta para aprimorar a comunicação entre instituições públicas e sociedade. Pesquisas recentes têm abordado o tema da comunicação pública nas redes sociais (KNIESS, MARQUES, 2021; COMEL, BRODBECK, QUADROS, 2021; HOFFMANN DA SILVA, 2021; VIEGAS, ABRUCIO, LOUREIRO, TEIXEIRA, BORALI, 2022; MASSUCHIN, OLIVEIRA, 2023). No entanto, observa-se uma escassez de estudos que abordem a comunicação pública no âmbito do Poder Judiciário.

A fim de contribuir para o estudo acadêmico da comunicação no Judiciário, a pesquisa de Denise Maria Poletto visa responder a seguinte pergunta: De que forma os tribunais trabalhistas exploram a rede social Instagram para a prática da Comunicação Pública? 

Tendo essa questão como norteadora do estudo, a pesquisadora irá  verificar como as práticas e ações comunicacionais divulgadas no Instagram estão em diálogo com características da prática da comunicação pública, avaliar como as instituições fomentam, propõem e buscam se aproximar do cidadão, identificar como é a estrutura das assessorias de comunicação para atender às demandas das redes, além de investigar como é realizado o planejamento das ações e quais as principais dificuldades das instituições.

A Justiça do Trabalho é composta por 24 Tribunais Regionais. Devido à limitação de tempo, serão analisados os perfis de nove desses tribunais. A seleção foi feita com base nos critérios de segmentação por porte estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2023). São relevantes para este estudo os três maiores tribunais de cada porte. Dessa forma, a análise engloba no grupo de grande porte, TRT2 (SP), TRT15 (Campinas) e TRT1 (RJ), no grupo de médio, TRT9 (PR), TRT5 (BA) e TRT6 (PE); e no grupo de pequeno porte, TRT11 (AM/RR), TRT23 (MT) E TRT17(ES).

Em síntese, a crescente adesão dos órgãos públicos às mídias sociais, aliada ao dever constitucional de informar e aos anseios da sociedade por participação, faz das redes um campo importante para a pesquisa acadêmica. O estudo proposto por Denise Maria Poletto visa obter um panorama do uso das redes sociais pela Justiça do Trabalho. Além disso, a pesquisa poderá contribuir para indicar caminhos para o aprimoramento da comunicação nas redes, auxiliar na compreensão do papel das instituições na plataforma e nas barreiras para o pleno desenvolvimento da comunicação pública digital e fornecer dados para outras pesquisas.