Ao todo, as 26 capitais brasileiras tiveram 13 candidatos(as) à reeleição (incumbentes) na disputa de 2020. Dez deles usaram o Twitter durante a campanha com diferentes níveis de engajamento
Afonso Verner e Gabriel da Costa
Em 2020, as eleições municipais brasileiras foram marcadas por um adiamento do calendário eleitoral causado pela pandemia da Covid-19. Nesse cenário, incumbentes se viram ainda mais pressionados ao disputar uma reeleição para o cargo – além da disputa pelo posto em si, havia a pressão na gestão da pandemia e seus desafios. Esta publicação observa o engajamento que os incumbentes (candidatos e candidatas que buscaram a reeleição) tiveram ao utilizar o micro-blog Twitter durante o período de campanha.
Durante o período de campanha em 2020, a equipe do CPOP realizou um acompanhamento das publicações feitas pelos candidatos a prefeito de todas as 26 capitais brasileiras. A coleta foi realizada com o TwitteR, um pacote do ambiente de programação R, usando a API para pesquisadores autorizada pelo próprio Twitter.
Cervi e Massuchin (2018) destacam que curtir, compartilhar e comentar são as principais formas de engajamento (participação) nas redes sociais on-line (RSO). No caso do Twitter, observa-se números de retweets (compartilhamentos) e favoritos (curtidas), além do número de seguidores. Dito isso, o primeiro quadro exibe o nome dos candidatos incumbentes, região, cidade e partido.
Quadro 1 – Candidatos incumbentes no pleito de 2020 das capitais brasileiras
No caso do Twitter, a média do engajamento aqui proposta é feita da seguinte forma: divide-se o número de interações (curtidas, respostas e retweets) pelo número de tweets do candidato no período de campanha. Em seguida, o resultado deste cálculo é dividido pelo número de seguidores e então multiplicado por 1000. O resultado é a taxa de engajamento daquela determinada conta.
A tabela 1 reúne dados sobre o número de tweets dos candidatos no período de campanha, o número de retweets (RTs) e de favoritos (semelhante ao gostei ou curtir) – candidatos que não publicaram ou não tinham perfis ativos no Twitter no período de campanha foram retirados da amostra. Por fim, a quarta coluna traz os números de seguidores dos candidatos ao fim do período de campanha. Com base nesses números, o engajamento é calculado, como explicado anteriormente – a literatura já aponta para o engajamento como uma importante variável para “medir” a participação dos candidatos na plataforma (PACHECO, 2020).
Tabela 1 – Dados sobre o Twitter dos candidatos
Os dados de interações foram coletados pelo R, já o número de seguidores dos candidatos incumbentes foi coletado com a ajuda da plataforma Social Baker. O gráfico 1 mostra o engajamento dos candidatos. Os dados revelam que a candidata que mais engajou o eleitorado no Twitter durante a campanha foi Cinthia Ribeiro (PSDB), prefeita reeleita em Palmas, seguida de Bruno Covas (PSDB), reeleito em São Paulo, e Kalil (PSD), reeleito em Belo Horizonte. Aparecem ainda Hildon Chaves (PSDB) (Porto Velho) e Alvaro Dias (PSDB) (Natal).
Gráfico 1 – Engajamento dos prefeituráveis
Os números revelam ao menos dois aspectos sobre o uso do Twitter entre os incumbentes. O primeiro diz respeito ao fato de que aqueles que mais publicam não são os que mais engajam – até por conta da fórmula do cálculo. O segundo quesito é que há uma evidente discrepância no uso que os incumbentes fazem da plataforma: há prefeituráveis com 11 tweets no período e outros com mais de 800.
Por fim, cabe ressaltar que o cálculo do engajamento como feito aqui leva em conta, especialmente, o número de seguidores dos prefeituráveis. Com isso, espera-se que os prefeituráveis tenham engajamentos relativamente alinhados com o número de seguidores que cada um deles tem na rede social.
O banco de dados utilizado na produção deste texto está disponível para ser compartilhado com pesquisadores e profissionais interessados em campanhas eleitorais e análise de redes sociais on-line. Para obter o material, contate nucleocpopufpr@gmail.com.
Referências:
MASSUCHIN, Michele Goulart; CERVI; Emerson Urizzi. Tipos de engajamentos e circulação de notícias nas redes sociais: A relação da audiência com os temas publicados nas fanpages de jornais regionais brasileiros. Revista Eptic, v. 20, n. 3, 2018.
BERNARDES, Cristiane Brum. Uso do Twitter para engajamento político: análise dos perfis das assembleias legislativas da Região Sudeste. Revista Compolítica, v. 10, n. 3, 2020.
