Uma análise dos conteúdos audiovisuais postados pelos postulantes religiosos no site de rede social durante as eleições de 2020

Marcela Barba

O crescimento e relevância dos evangélicos na política nacional das últimas décadas pode ser visto além da sua evidente presença na Câmara dos Deputados, com a crescente Frente Parlamentar Evangélica (PRANDI E CARNEIRO, 2018; RODRIGUES-SILVEIRA E CERVI, 2019), uma vez que esses religiosos também se sobressaem em disputas municipais. As eleições de 2020 apresentaram 4.801 candidatos cujos nomes de urna incluíam o termo “pastor” ou “pastora”. Entre eles, 61 se candidataram especificamente ao cargo de prefeito ou prefeita de seus municípios.

Considerando a presença desses religiosos que optaram por incluir o título de pastor em seus nomes de urna, buscamos aqui observar os conteúdos publicados no Facebook dos únicos pastores que disputaram o cargo de prefeito em capitais brasileiras, sendo eles: Pastor Sargento Isidório, candidato a prefeito de Salvador – BA pelo partido Avante, e o pastor Leonardo Luz, do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), candidato a prefeito de Porto Velho – RO. 

Ao todo, esses religiosos publicaram 184 conteúdos (tabela 1), a maioria veiculada pelo Pastor Sargento Isidório, com 170 publicações. O menor número de Leonardo Luz pode ser explicado a partir das alterações que ocorreram na candidatura, porquanto a campanha iniciou com Ted Wilson como candidato oficial, tendo o pastor como vice. Somente a partir do dia 22 de outubro, Leonardo Luz torna-se oficialmente candidato a prefeito de Porto Velho, em resultado do indeferimento à candidatura de Wilson. Logo, o pastor teve menos tempo de campanha que os demais candidatos. 

Sobre os formatos de conteúdos veiculados em suas páginas do Facebook, ambos priorizaram as fotos e vídeos, representando quase a totalidade de seus conteúdos. Nota-se que o pastor Leonardo Luz, embora tenha publicado poucos conteúdos, foi quem mais priorizou os vídeos proporcionalmente, configurando 64% do total de seus posts. Uma possível justificativa é que, por ter menos tempo de campanha, os vídeos permitiriam apresentar suas estratégias eleitorais com mais detalhes que uma foto ou apenas um texto.

Tabela 1 – Formatos dos conteúdos

Fonte: Autora (2021).