O Twitter desponta como ferramenta crucial na comunicação política brasileira, acentuando sua influência em períodos eleitorais, segundo pesquisa de Rafaela Sinderski. Entre 2019 e 2022, parlamentares tiveram um aumento de 55,9% no uso da plataforma em ano de eleição, representando 41,9% do total de tweets analisados. Isso ressalta a relevância dessa plataforma para políticos, especialmente após a pandemia, refletindo a transformação digital das interações políticas.
Há anos que o Twitter têm capturado a atenção de pesquisadores por se destacar como uma ferramenta de comunicação política (ANDRÉS E UCEDA, 2011). A plataforma é cada vez mais usada por atores políticos para dialogar com cidadãos, apresentar propostas, reforçar posicionamentos e estreitar laços com eleitorado e outros agentes relevantes no cenário político brasileiro (BRAGA E CARLOMAGNO, 2018). Esse uso é importante ao longo dos mandatos, mas assume ainda mais relevância durante o período eleitoral, quando os representantes políticos investem na comunicação digital para mostrar ao público o que fizeram e o que farão em caso de reeleição, reforçando suas identidades e divulgando suas agendas on-line (MASSUCHIN E TAVARES, 2015; CERVI, SINDERSKI E VERNER, 2021).
Este texto possui um objetivo simples: demonstrar que o uso do Twitter cresce entre parlamentares brasileiros durante um ano eleitoral Para isso, apresenta dados descritivos de um banco com 828.913 tweets publicados por membros do Congresso Nacional entre 2019 e 2022 – do primeiro ano de mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao ano de eleição presidencial com vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Dos 513 deputados federais brasileiros, 450 possuíam contas ativas no site de rede social no momento da coleta — feita entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023. Entre os 81 senadores da República, 78 tinham perfis no Twitter. No total, o banco tem publicações de 528 contas. A coleta foi realizada com o pacote rtweet para a linguagem de programação R, antes de serem aplicadas restrições mais severas à política de acesso à API do Twitter. A média de tweets por ano é de 207.228, com desvio padrão de 91.084.
Em 2019, os parlamentares publicaram 103.754 tweets, o que representa 12,5% do corpus total. Para o ano seguinte, o número de publicações cresceu 49,8%, alcançando 155.445 postagens. Em 2021, o aumento foi de 43,2% em relação ao ano anterior. É importante lembrar que 2020 ficou marcado pelo início da pandemia de Covid-19. O contexto de isolamento e distanciamento social pode ter contribuído para o uso mais intenso das redes sociais como ferramenta de comunicação política.
Os tweets feitos em 2022, ano de eleição presidencial, representaram 41,9% do corpus total analisado neste texto. O aumento no número de publicações entre 2022 e 2021 foi de 55,9% – o crescimento mais expressivo entre o recorte temporal.
Ainda que os dados apresentados não consigam estabelecer um padrão de uso do Twitter pelos atores políticos, já que os tweets coletados são de um período restrito de quatro anos e compreendem apenas uma eleição nacional, os números podem indicar a relevância dessa plataforma como uma ferramenta de comunicação para a elite política brasileira – especialmente em uma era pós-pandemia, em que muitas relações sociais e profissionais passaram a ocorrer na arena digital. Os dados utilizados neste texto são parte de uma pesquisa mais ampla, que analisa o comportamento de parlamentares brasileiros nas redes sociais on-line.
Referências
ANDRÉS, R. R.; UCEDA, D. U. Diez razones para el uso de Twitter como herramienta en la comunicación política y electoral. Comunicación y pluralismo, v. 2, 2011.
BRAGA, S.; CARLOMAGNO, M. Eleições como de costume? Uma análise longitudinal das mudanças provocadas nas campanhas eleitorais brasileiras pelas tecnologias digitais (1998-2016). Revista Brasileira de Ciência Política, n. 26, p. 7-62, 2018.
CERVI, E.U.; SINDERSKI, R.; VERNER, A. Até tu, prefeito! Sobre quando as redes sociais on-line chegam às eleições municipais. Política & Sociedade, v. 20, n. 49, p. 73-103, 2021.
MASSUCHIN, M. G.; TAVARES, C. Q.Campanha eleitoral nas redes sociais: estratégias empregadas pelos candidatos à Presidência em 2014 no Facebook. Compolítica, v. 5, n. 2, p. 75-112, 2015.
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